A INCELENÇA

“Uma incelença entrou no paraíso

Adeus Amigo adeus até o dia do juízo.”

Cancioneiro Popular

Quando eu amadurecer

Terei meu coronário prateado

Ou uma calvície talvez

Terei tremedeiras nas mãos

Células enrugadas

Face plácida

Visão míope

Audição silenciada

Chumbo pesado nas pernas

Dores nas juntas

Outras dores na alma

Ninguém com paciência

Para ouvir minhas lembranças

Voz calada emudecida

Vagas percepções do presente

Constantes lembranças do passado

Mas não reconhecendo

Rostos em fotografias amareladas

E sem querer viver o futuro

Alzheimer talvez

Já então, estarei apenas

Existindo sem vida

Serei apenas um peso para alguém

Enquanto o tempo de um segundo

Parece uma eternidade

Para a incelença chegar.

Jô Pessanha
Enviado por Jô Pessanha em 02/11/2018
Código do texto: T6492390
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