Entre goles de desamor e tragos de melancolia

Às uma da manhã desperto

encho um copo, tomo dois goles de desamor

sinto na barriga um aperto

felizmente não são as borboletas do amor

É engraçado, por todos os lados em que há esse maldito sentimento

sempre vejo ele acabar em sofrimento

não sei se é devido ao pessimismo em meu olhar

mas penso ”nada é eterno, sempre vai acabar”

Os inícios já me são cansativos

os meios já nem almejo

e dos finais me afasto, são destrutivos

O copo já vazio, torno a encher

as gatas no telhado não param de miar

as dores do meu corpo a gemer

um concerto noturno que dura até o sol raiar

Costumo tragar a melancolia noturna

até entupir meus pulmões, até eles gritarem

refletindo meus erros antes da solidão diurna

antes que a luz matutina faça meus pensamentos dispersarem

Tudo se acaba quando o galo canta

silenciando o chiado da TV em minha estante

minha alma desperta e amargurada se levanta

e preenche esse corpo vacante

R J Ferreira
Enviado por R J Ferreira em 25/10/2018
Reeditado em 09/01/2019
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