Entre goles de desamor e tragos de melancolia
Às uma da manhã desperto
encho um copo, tomo dois goles de desamor
sinto na barriga um aperto
felizmente não são as borboletas do amor
É engraçado, por todos os lados em que há esse maldito sentimento
sempre vejo ele acabar em sofrimento
não sei se é devido ao pessimismo em meu olhar
mas penso ”nada é eterno, sempre vai acabar”
Os inícios já me são cansativos
os meios já nem almejo
e dos finais me afasto, são destrutivos
O copo já vazio, torno a encher
as gatas no telhado não param de miar
as dores do meu corpo a gemer
um concerto noturno que dura até o sol raiar
Costumo tragar a melancolia noturna
até entupir meus pulmões, até eles gritarem
refletindo meus erros antes da solidão diurna
antes que a luz matutina faça meus pensamentos dispersarem
Tudo se acaba quando o galo canta
silenciando o chiado da TV em minha estante
minha alma desperta e amargurada se levanta
e preenche esse corpo vacante