A serpente
Cristas de fogo descem pela mata
Como serpentes ardentes e alvoroçadas.
Há um rasto que se apaga inocente;
Mais vidas têm de morrer queimadas
Ou abandonar depressa a inocência
Comovente e urgente de quem sente.
Os animais e as plantas sem ter nada,
Apavorados e famintos sem saber;
A fugir no desespero de não morrer.
Aos homens foi tirada mais uma casa,
Embora não sintam que estão sós...
Sacudidos pelo calor que derrete,
Não têm os olhos virados para a serra;
Só para as guerras dos seus avós...
Não se lembram do verde das folhas.
Não percebem que a água secou por ali.
São apenas escravos do poder de ter,
Do agora que emite gritos e gemidos...
Quando um dia acordarem aflitos,
Talvez os seus filhos já estejam mortos,
Ou não vivam nem sequer para chorar.
Aos deuses sacrificados da floresta
Resta apenas tentar num outro local.
Partir para terras com menos mal
E afagar a alma de quem não sobreviveu.
A montanha segurou todas as suas cobras,
Mas a última serpente, essa morreu...