Um reino na corda bamba

O verde e amarelo no sol descolora;

Azul, de rancor e medo.

O branco da paz só nos livros de história...

Um bêbado se equilibrando

Na corda bamba do destino,

Enquanto o equilibrista cambaleia

Em terra firme tateando...

Ninguém está seguro,

O rei bebeu o cálice da íra de dragão.

Atrás da fumaça das queimadas

Pode se ver a última estrela viva;

Os filhos deste solo,

Que brotaram da terra, choram

Cântaros de lágrimas agudas;

Seus filhos, cegos, carregam o que sobra

Porém, não têm para onde levar.

Não longe dali palavras e mais palavras,

Parecem até o som do matraquear

De metralhadoras insanas.

Tudo o que é nobre, belo e arte

Parece ignomínia e ameaça.

A nudez do rei, que já era explícita,

Agora parece cabaré em pelo.

O novo rei é filho do sol,

Os novos súditos rogam pragas,

Enquanto os sonhos matam

Sem dó nem pena, os sonhadores

Mirrados e espantados que ainda sonham.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 04/10/2018
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