Um reino na corda bamba
O verde e amarelo no sol descolora;
Azul, de rancor e medo.
O branco da paz só nos livros de história...
Um bêbado se equilibrando
Na corda bamba do destino,
Enquanto o equilibrista cambaleia
Em terra firme tateando...
Ninguém está seguro,
O rei bebeu o cálice da íra de dragão.
Atrás da fumaça das queimadas
Pode se ver a última estrela viva;
Os filhos deste solo,
Que brotaram da terra, choram
Cântaros de lágrimas agudas;
Seus filhos, cegos, carregam o que sobra
Porém, não têm para onde levar.
Não longe dali palavras e mais palavras,
Parecem até o som do matraquear
De metralhadoras insanas.
Tudo o que é nobre, belo e arte
Parece ignomínia e ameaça.
A nudez do rei, que já era explícita,
Agora parece cabaré em pelo.
O novo rei é filho do sol,
Os novos súditos rogam pragas,
Enquanto os sonhos matam
Sem dó nem pena, os sonhadores
Mirrados e espantados que ainda sonham.