Todas as dores
Preserva-me mente impiedosa [deveras cruel]
tenhas pena de mim, pobre ser incompreendido
as minhas falhas e atos bestiais nunca foram para o mal
[tão pouco para provocar tragédias]
Tragédias talvez naturais e irrisórias mas em meu mundo
pequeno e particular, oculto, sempre vejo o fim e escondo
como chave pros meus dias de desespero...
Quase sempre levo comigo um sorriso falso e uma falta
de esperança, tão sensata se levar em conta os meus cansados
e inúteis dias nessa terra de ninguém;
Queria eu conseguir findar as minhas dores com álcool e amores mal resolvidos, mas o corpo teima e o pulso pulsa, os olhos enxergam e as mãos tecem novamente o poema, a carta que não envio, a mensagem que não chega em letras rabiscadas num rascunho qualquer...
Você não sabe e não entende, não me julgues assim toda essa dor provavelmente fosse inexistente ou diferente se estivesses aqui...
Mas não fique triste por mim, eu te entendo, entendo muito bem, também gostaria de fugir de mim, mas dessa sorte que tens não compartilho...
[e o canivete enferrujado já não corta mais a veia]
O carro que empoeira na garagem os sonhos que apodrecem na gaveta, os boletos acumulam e tumultuam o trabalhar tempestivo da minha mente. [Como uma aranha que tece sua teia maldita e espessa mas que me prende tornando irrisório e inócuo os músculos e vertes]
E os monstros no meu quarto não me deixam mais sair, e seu sorriso que era minha cura de todas as dores nunca mais vi;
é nunca mais eu vi...