Me Diga Você, que é Santo
Me diga você, que é santo,
Como é que eu posso fingir
Que não existe veneno
No sabor do absinto?
Fingir que não há espinhos
No caule da rosa murcha,
Que eu não sinto o que eu sinto,
Que eu não vejo a garatuja?
Me diga, você que é santo
Como é que eu saio disto:
Perdoar quem nunca disse
Que está arrependido!
Me diga, como é que eu posso
Deitar-me onde eu não caibo,
Encolher a minha alma
Em caixão cheio de saibro!
Me diga você, que é santo,
Como alguém, que há tanto tempo,
É sempre deixada ao relento
Finge não sentir o frio,
Finge não temer o vento!
Me diga você, que é santo,
Já que eu mesma, não entendo,
Me diga você, que pode,
Como eu finjo o que não sou,
Como eu me reinvento?
Me diga você, que é santo,
Como é que eu posso fingir
Que não existe veneno
No sabor do absinto?
Fingir que não há espinhos
No caule da rosa murcha,
Que eu não sinto o que eu sinto,
Que eu não vejo a garatuja?
Me diga, você que é santo
Como é que eu saio disto:
Perdoar quem nunca disse
Que está arrependido!
Me diga, como é que eu posso
Deitar-me onde eu não caibo,
Encolher a minha alma
Em caixão cheio de saibro!
Me diga você, que é santo,
Como alguém, que há tanto tempo,
É sempre deixada ao relento
Finge não sentir o frio,
Finge não temer o vento!
Me diga você, que é santo,
Já que eu mesma, não entendo,
Me diga você, que pode,
Como eu finjo o que não sou,
Como eu me reinvento?