Procura.

O real saber

Não é saber onde fica

O lugar em que a gente se machuca

Quando vai lá

...e por isso não ir

Nem tampouco saber

Como não se machucar

Bom mesmo é não saber.

Desconhecer que o dia renasce

Pois o mesmo dia

Nunca existiu duas vezes

Pra isso é preciso sorver

Um novo cálice de vida

Assim que o dia amanhece.

Entender

Que não existe um novo amanhecer

Pois, quase sempre

Amanhece de novo

Mas que nada

Nunca é novo eternamente.

Guardadas as devidas proporções

Olhar um pouco além

Do lugar onde a rua termina

Comer doce de Lua

E quando precisar

Parar um pouco e descansar

Se possível

Que seja lá no alto da colina.

O calor do asfalto incomoda

E se acaso a roda gira

Que seja uma roda gigante

Pra poder passar a vista

Lá do alto do mirante.

Cada segundo de vida

Que se vive neste mundo

Dura somente um instante

O Mundo gira

O tempo passa

O giro é pra frente

Se a gente olha em derredor

Lugares iguais

São iguais

Por mera opção de escolha

Nada mais.

É preciso aprender

Que cicatrizes

Não são cura

Antes, lembranças

de lugares que não guardavam

Aquilo a que se procura.

Existem noites claras

Manhãs escuras

E nunca é tarde pra saber

Que apegar-se à dor

É algo que ninguém queria

Mas um dia, sem perceber

A gente jura.

Edson Ricardo Paiva.