Pó dos Anjos
Meus sonhos vêm e vão
Num turbilhão de dialetos e movimentos
Eles continuam invadindo minha mente
Acordo e já não sei onde me encontro
Minhas noites levam-me a mundos estranhos,
Terras onde rios engolem mares
Minha bílis é a primeira companhia
Nesta manhã de bizarra luminosidade
Com meu sangue cristalizado nas narinas
Um giro ao redor e o vácuo preenche meus olhos
Fazendo-me lembrar que sua ausência anula meus passos
Fazendo-me tropeçar nos escombros de sucessivos fracassos
Estou descendo, descendo, descendo...
Descendo até onde você não pode chegar
Num sufocante abraço de náuseas
Pois a queda sempre foi meu alvo
Voando ao som de um grito destemido
Voando nas asas de um temor escondido
Meus amargos licores carregam demônios
Anestesiado, habito seus domínios medonhos
Sem compaixão, sem destino, sem coração!
Estou descendo, caindo sem direção
Noutros tempos, lembro-me de uma ótima sensação
Mas agora sei apenas não haver mais asas para minha salvação