Pó dos Anjos

Meus sonhos vêm e vão

Num turbilhão de dialetos e movimentos

Eles continuam invadindo minha mente

Acordo e já não sei onde me encontro

Minhas noites levam-me a mundos estranhos,

Terras onde rios engolem mares

Minha bílis é a primeira companhia

Nesta manhã de bizarra luminosidade

Com meu sangue cristalizado nas narinas

Um giro ao redor e o vácuo preenche meus olhos

Fazendo-me lembrar que sua ausência anula meus passos

Fazendo-me tropeçar nos escombros de sucessivos fracassos

Estou descendo, descendo, descendo...

Descendo até onde você não pode chegar

Num sufocante abraço de náuseas

Pois a queda sempre foi meu alvo

Voando ao som de um grito destemido

Voando nas asas de um temor escondido

Meus amargos licores carregam demônios

Anestesiado, habito seus domínios medonhos

Sem compaixão, sem destino, sem coração!

Estou descendo, caindo sem direção

Noutros tempos, lembro-me de uma ótima sensação

Mas agora sei apenas não haver mais asas para minha salvação

Isaque
Enviado por Isaque em 09/09/2007
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