Ovelha negra
Escrevo para me purgar de todo mal
Que me tenho causado, a depressão e o cansaço
A solidão que me assola e me mata
Penso na morte como uma pessoa ao meu lado
Penso em minha mãe, em meu pai, em minha avó
E isso me causa uma dor, ao lembrar que eu os
Deixei-os lá, com seus sonhos pequenos,
Com suas mentes pequenas,
Com suas vontades pequenas,
E eu me parti com o dinheiro que tinha
Fui com meus pequenos ganhos
Larguei um amor e um vício
E cá estou, tão só, ontem me embebedei
Sei que esta não é a solução para minha depressão
Meus genes que me incitam a loucura
(E quem tem os genes de um cara são?)
Terei que ser forte e estudar
Terei que me provar dia a dia que sou capaz
De me mostrar mais forte a cada derrocada
E, hoje mesmo, acordei com uma solidão
A solidão me lembrará a morte
A solidão é insaciável
A solidão e o tesão
A solidão e o medo de errar
Sinto que assim, poderei me curar
Eis aqui o meu emplastro para a melancolia
Melhor que qualquer balada, bebida ou cigarro
Melhor que qualquer psicólogo
Me sinto só, mas quem nunca se sentiu assim
Me sinto incompreendido, mas estou sem tempo para me explicar
Me sinto tão eu e tão você...
Mas vou me adaptar
E conseguirei ser tão só e feliz
Ou quem sabe, conseguirei um novo amor
Mas me sinto só e incompreendido
Me sinto quente e frio
Me sinto sonolento ou com fome
Me sinto com uma dor e uma alegria
Me sinto novo e velho
Me sinto doente e cansado
Me sinto sem uma raiz, sem um dente
Me sinto sem você
Me sinto como a um cão abandonado
Um cão sem plumas e que fugiu de casa...