FLOR DESPETALADA

Qualquer lugar,
Que não fosse ali,
Diante daquele olhar,
Faminto, frenesi,
Eu queria estar.
Pobre de mim, perdida,
Uma menina rendida,
Apenas, treze anos,
Sujeita aos irreparáveis danos,
Aos costumes mulçumanos,
Com as bênçãos de Alá,
Se o homem quer, elem tem,
Eu me sentindo uma refém,
Um precoce,
Subproduto de posse.
-Tire aquilo, tire isso,
Tire tudo enfim,
Se prepare para o serviço,
Para a função feminina.
E eu, pobre menina,
Que sonhava com um grande amor,
Agora, ali, despida, ao dispor.
E aquele estranho senhor,
Voraz, em cima de mim,
Eu, me sentido uma despetalada flor,
Estranho senhor, estranha vida,
Eu ali, indefesa, servida,
Vendida pelo genitor.

Ah! que oceânico afã,
...De não acordar amanhã.