Noites de Domingo
Noites de domingo
Por que não são eternas?
São tão silenciosas
Alumiadas, saborosas
Acalentado, suspiro
O meu breve fascínio.
Noites de lirismo
Tão calmas e tão raras
Fugir desse castigo
Ser livre da emboscada
De uma vida acrática
De reprimir a alma
Do pobre e falso atino
Que quer ficar sozinho.
Noites de finito
Por que não são sinceras?
Indago-te deveras
Me destes seu alívio
E num breve suplico
Me presencia aflito
Renunciar o íntimo
E me afogar no ínfimo.
Noites de tormento
Efêmeras, ilusórias
Despedaçadas glórias
Plásticas e simplórias
Já sinto o seu silêncio
Num perene alento
Do escuro, do frio vento
Da noite que é eterna
Da taciturna espera
Findada, desintegra
Da vida que não vive
Do invólucro em declive
Coagido, agora livre
Da áurea em paz sublime.