Poesia Triste.

Depois de tudo

Após, talvez, à própria vida

Há que vir a vez de se mostrar

O que esconde

Esse imenso mar de ilusão

Que chega mesmo a ser sombrio

Pois quando amanhece o dia

Resta ainda sobre ele

Um denso nevoeiro, que se formou

Durante a longa madrugada fria

Pode ser que um dia saiba

O que é que havia

Atrás daquele muro alto

Que eu via na infância

E que ficava

Debaixo da lava do vulcão

da ilha de Java

Só que esse

Escondido

do outro lado da lua

Num lugar onde morrem os medos

e que ao mesmo tempo

É a nascente

de todos os sonhos

Que de tão sonhados foram

Desgastaram

Um lugar onde o grito jamais alcança

Por mais que apertasse os olhos

E lançasse no breu do meu quarto

Um gemido baixo e lancinante

Tristemente guardado

E que só quem o ouvia era eu.

Edson Ricardo Paiva.