A música que ficou...
Espelhos quebrados,
punhos cortados,
sangue nos braços,
falsas lágrimas,
coração explodido,
alma suja,
dor e raiva,
juras perdidas,
promessas desfeitas,
em cada passo a fragilidade,
a derrota, o caos, a solidão,
o grito do silêncio aprisionado,
talvez em um outro tempo,
sem paredes, sem julgamentos,
talvez em outra vida,
sem cercas ou arames farpados,
mas tudo está tão distante,
tudo é tão irreal quando só há vazio,
na tristeza de sonhos incompletos,
de solos de uma guitarra depressiva,
quem sabe só reste o salto no escuro,
quando tudo desaba e não há mais retornos,
só teremos músicas, poesias e lembranças,
num passado de esquecimentos tempestuosos,
sombras do que fomos em cidades de concreto,
caricaturas de jornadas em desistências,
abandonos sem adeus, sem finalizações,
somos a música que ficou à tocar,
a música que ficou à tocar,
a música que ficou...