Canção da Noite
Sinto do deleite o fulgor
E das chamas noturnas a volúpia,
Nas mãos tangentes o ardor
Das cordas que gemem e o gênio que espia
E da alma a melodia;
- Não ouves? Ouvis! És bela
Como o anjo de liberdade
Que estremece ao ver a face dela.
E não ouves que geme?
Como as lascivas do mancebo
E do trovador de bares
Que vai de boca a boca
Como se mendigasse atenção.
Eu choro junto a uma viola
De apenas quatro cordas,
Mas sem perder os ares, minha espanhola...
Canta e baila
Jogando ao vapor as madeixas,
Me embriaga!
Mas é somente um sonho
Um delírio da noite
Que na treva fria tristonho
Estás eu, acordado e satanicamente celeste.
Apenas por que... Tu aos beijos não vieste.