A TRISTEZA DA POEIRA
A TRISTEZA DA POEIRA
poeira
pelo vento carregada
levanta as cores esfumaçadas
dos voos dos pardais
das sombras das árvores
nos muros dos quintais
poeira quase líquida
por detrás de nuvens inseguras
nas juras da luz da lua
submersas na terra insensata
em pequenas lágrimas de chuva
se desfia em teia de fios de prata
ora se veste de aranha
ora de lua cheia
uma
cerzidora da noite
a outra
artífice fugaz
e ela
a poeira
pelo vento ventada
vai daqui
cai ali
numa vida
de tanto faz
Mírian Cerqueira Leite