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Tua poesia morreu?
A minha morre também
Morreu ontem, morreu hoje
Cansou de viver
Talvez, em algum lugar
Caiu uma pequena semente
Quem sabe quando a primavera chegar
Sem saber de nada, ingênua sobre dores
Curiosa queira romper a terra
E cresça, se desenvolva
Na lua crescente
Quando menos se esperar
Coloque pequenos botões
E floresça poemas mais coloridos
Agora, por ora, morre, triste
Sem mais se despedir
Sem querer mais furtar pequenos sorrisos
Um brilho leve em teu olhar
É breve a morte, será?
Não doerá mais, como agora dói?
São as frases que se decompõem
As métricas que se perdem
A rima que chora junta da tua
Soluça toda a tristeza, inutilmente
Restando apenas olhos inchados
Um tic-tac permanente
Silêncio entrecortado pelo barulho da cidade
Como se me roubasse o murmurar da alma
Esse reclamar cansativo
Como demora esse último suspiro...
Parece tentar um restinho de vida
Sugar esse sopro de ar que ainda resta
E teimosamente sobreviver
Sobre viver, me conta sobre viver?
Ainda posso te ouvir
Mesmo partindo resta tanto de nós
Que ainda posso te ouvir...