TARDE DEMAIS

Eu estava ali;
Sentado no meio fio,
À espera do ônibus,
Quando ela passou;
Trocamos olhares,
Meu coração disparou,
Tentei falar alguma coisa,
Qualquer coisa,
Para quebrar o silêncio,
Não saiu nada,
Nem mesmo um olá,
O silencio foi a nossa voz;
E ficamos assim,
Por alguns momentos,
Completamente paralisados,
De repente,
Alguém aparece,
Enlaça os seus ombros,
E diz;
-Vamos amor!
Acompanhei-a com os olhos,
Até que sumisse na imensidão,
Percebi então,
Que nos encontramos tarde demais;
Para uma tentativa de recomeço,
O que mais doeu foi saber,
Que apesar de todo silêncio,
Estava escrito no seu olhar,
E de forma bem nítida;
-Eu ainda te amo;
Fiquei ali; estático,
Questionando o meu ego;
-Por que a vida tem que ser assim?
O ônibus passou e eu nem vi.