NAUFRÁGIO
Perdido no mar, mastros quebrados,
Baloiça à deriva indolente barco à vela,
Na proa colorida corações entrelaçados
Cobrem de magia pintura simples e bela!
Na coberta despida banhada pelo mar
O abandono parece completo e vazio,
Quebra o silêncio o forte vento a uivar
Pelo convés do barco adormecido e frio.
Coberto de espuma salgada e maresia
Como fantasma cercado de neblina,
Flutua o barco num ritmo de poesia
Longe da vida dispersa e peregrina.
Na ponte do comando exausto capitão
Os mastros olha com desgosto profundo,
Lembra glórias vividas na emoção
Do navegar errante, livre e vagabundo.
Gasto por sonhos que lhe queimam a mente
E por ilusões mergulhadas na amargura
Mira o horizonte num esforço impotente
E cai sobre o leme num abismo de tortura.