Mula
Quero mais do que existir
Mais do que estar entre os homens
Conspurcar a aflição
Com vibrações positivas
Respirar é uma constante
Inconstante no processo
A vida gasta é incerteza
Seu final desconhecido
Não me quero prender
Limitar-me a ver a luz
Sem poder abraçá-la
Do modo que me predispus
A aceitar que os espinhos
Fazem parte do caminho
Que traçamos com as réguas
Da ambição do destino
Eu quero mais do que eu mesmo
Ser o eu que não se abala
Por coisas minúsculas e leves
Quando alguém mal come
Eu peço socorro humildemente
Com a solenidade das palavras
Sem subsídio de mentiras
Hoje sou mais o que escrevo
E o grito calado
A expressão de quem nada sente
Estão no fundo a mendigar
Analgésicos para a mente
Quero acreditar
Quero afirmar que nem tudo é facada
Olhar para além do que está claro
Reconstruir o guerreiro
Teimoso como sou
Já me deveria ter morto
Luto contra a depressão
Porém não há nisso algum desporto.