icacto
sua voz era suave,
seus olhos
eram pretos cor da noite,
onde não há luz alguma,
a não ser o verde luminoso
dos vagalumes. olhar para ti
era como acender pirilampos,
como colher flores e distribuir
para as pessoas tristes na rua.
seguíamos os mesmos passos,
eu mal sabia que após dias de
encontros de alma, nossos corpos
se beijariam. o coração não
soube se controlar e pulsava
cada vez mais rápido em busca
do ritmo do teu, em vão,
pois só se ouvia o meu,
mas havia algo em ti que me pedia
pra ficar, eu queria eternizar
aquele abraço, o mais terno,
o mais desejado de todos.
depois veio o beijo, era doce.
até então eu não sabia que
beijos doces existiam de fato,
achava ser mais era metafórico,
também o é, mas era doce
de verdade, o melhor doce
que já senti. alguns dão flores,
ele me deu cactos, mas
não entendam cactos apenas
como espinhos. eles são fortes,
resilientes e livres, claro que
precisam de atenção,
mas na maior parte do
tempo precisam apenas do sol.
então, se ainda me leem e
me permitem dizer, eu sinto
que ele é como essa
planta na minha vida,
veio sem pretensão de ficar,
mas fincou raízes no peito
e eu preciso de sol
para continuar vivendo.
"dá-me um pouco de luz."