icacto

sua voz era suave,

seus olhos

eram pretos cor da noite,

onde não há luz alguma,

a não ser o verde luminoso

dos vagalumes. olhar para ti

era como acender pirilampos,

como colher flores e distribuir

para as pessoas tristes na rua.

seguíamos os mesmos passos,

eu mal sabia que após dias de

encontros de alma, nossos corpos

se beijariam. o coração não

soube se controlar e pulsava

cada vez mais rápido em busca

do ritmo do teu, em vão,

pois só se ouvia o meu,

mas havia algo em ti que me pedia

pra ficar, eu queria eternizar

aquele abraço, o mais terno,

o mais desejado de todos.

depois veio o beijo, era doce.

até então eu não sabia que

beijos doces existiam de fato,

achava ser mais era metafórico,

também o é, mas era doce

de verdade, o melhor doce

que já senti. alguns dão flores,

ele me deu cactos, mas

não entendam cactos apenas

como espinhos. eles são fortes,

resilientes e livres, claro que

precisam de atenção,

mas na maior parte do

tempo precisam apenas do sol.

então, se ainda me leem e

me permitem dizer, eu sinto

que ele é como essa

planta na minha vida,

veio sem pretensão de ficar,

mas fincou raízes no peito

e eu preciso de sol

para continuar vivendo.

"dá-me um pouco de luz."

Fernanda Paulo Albuquerque
Enviado por Fernanda Paulo Albuquerque em 25/06/2018
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