Alzheimer
Sou eu, imaginação
Sem postura social
Prosador em decomposição
O poder do enfraquecimento
Dançarino sem compasso
Ao ritmo das letras
Que escapam pelas batidas da inacção
O processar da mente
Escritas sem democracia
Cogitação - acção - sublevação
O andar da dor apaga
As pisadas da criação
Tragam-me flores, chorem já
Não sei mais escrever
Tento acordar a cada instante
Lembrar o que é viver
Quis voltar a ser eu
Este eu que nunca fui
Que não chora nem late
Não corta as veias para morrer
Lembro-me dos dias maus
Como se fosse agora
Lembro-me de não dormir
Esqueço-me de me amar
Recordo o perder e o não ter
O não saber guardar
Do mal e do desimportante
Não aprendi a me afastar
Vivo tudo dentro de mim
Como um nada que me enche a alma
E esvazia o coração
De tanto querer esquecer.