Dor(Poema 16)
Oculta tua dor como um sarcófago em
Pirâmide escondida e inacessível, oculta a dor
No inverno mais rigoroso e escondido de toda
A face do sol, retesa, reprime, e logo aniquila
Tua manchas negras e sombras odiosas.
Faz tuas dores serem bonecos mudos, animais empalados
Escondidos em sótãos inacessíveis e trancados a mil chaves...
Esquece teus traumas que a ti te causaram uma divisão
Absurda da tua pessoa, bebe teu sangue em copos...
Envolve tuas mágoas numa câmara hermética
Cujas portas estarão fechadas e só poderão ser abertas
Em linguagens antigas e cuja mente não relembra
Facilmente. Envolta em câmaras de barro, entradas fechadas
De milhares de anos e chacais como protetores leais.
Fecha em cubículos minúsculos aquela dor e aquela angústia
Que deseja sempre sair e voar pelo mundo... Coloca em tuas dores
A marca indelével do escravo, a marca que qualquer perseguidor
Reconhecerá, persegue tua dor nos cantos inóspitos
Da mente traiçoeira e indelével, afina teus instrumentos
Tortuosos a cada pedido de clemência da dor suplicante....
Para cada dor, um novo sótão, um novo porão
Fechado e sem janelas para o mundo... Para cada
Escapadela de voz um clamor guerreiro bradando
Naquela dor que deseja a liberdade para
Ser apenas mais aquela indisposta emoção catártica!