Dia das Mães (incompletas)
Mães na estação observando o trem
Menos aquela, que observa os trilhos
Este poema é pro Dia das Mães
Sem filhos
Este fruto tão tenro gerado de si
Borboleta no ventre que o envolve e aquece
Quem já engravidou já foi mãe, 'inda o é
Não se esquece!
Emoção indizível é senti-lo mexer-se
No primeiro ultrassom rosto e sexo talvez
Vários lindos pintinhos piando ao redor
Do ovo indez
As que os perderam pequeninos
Tamanha dor é tortura, é vitupério
Deus cuide da mãe que visita o filho
No cemitério
No peito a dor do leite e do amor
Ressequidos, rotos, cristalizados
De quem trocou Dia das Mães, Páscoa e Natal
Pelo Finados
Fotos e roupas e brinquedos favoritos
Caixas fechadas; incômoda herança
Mas no espelho a cicatriz no ventre
É a pior lembrança