Humano
E a máquina que me fizeram ser
Se partiu ao meio.
Sou eu a esfinge
Ou o nada.
O esqueleto do universo
Movido pela falta de vida
Dos corações humanos.
Sou eu a falha de Deus,
Um borrão no meio do céu.
Minha respiração ofegante
No trânsito de São Paulo
É a poluição.
Um ataque cardíaco
E a fila do SUS.
A falta de vergonha
Na corrupção
De políticos filhos
De uma mãe inocente.
Achei que eu fosse o cérebro
E me vejo como mais um
Dos átomos que formam a humanidade.
Pobres dos cientistas que
Buscam curas de doenças enraizadas
Em solos inférteis.
Coitados daqueles que ralam os joelhos
Subindo escadarias de igrejas
Para ouvir de um homem
Que sua existência veio de costelas
De gigantes.
Fracos aqueles que se acham donos
Dos porquês.
Quando penso que sou máquina
Ou poeira,
Olho no espelho
E então descubro:
Que sou humano.