Humano

E a máquina que me fizeram ser

Se partiu ao meio.

Sou eu a esfinge

Ou o nada.

O esqueleto do universo

Movido pela falta de vida

Dos corações humanos.

Sou eu a falha de Deus,

Um borrão no meio do céu.

Minha respiração ofegante

No trânsito de São Paulo

É a poluição.

Um ataque cardíaco

E a fila do SUS.

A falta de vergonha

Na corrupção

De políticos filhos

De uma mãe inocente.

Achei que eu fosse o cérebro

E me vejo como mais um

Dos átomos que formam a humanidade.

Pobres dos cientistas que

Buscam curas de doenças enraizadas

Em solos inférteis.

Coitados daqueles que ralam os joelhos

Subindo escadarias de igrejas

Para ouvir de um homem

Que sua existência veio de costelas

De gigantes.

Fracos aqueles que se acham donos

Dos porquês.

Quando penso que sou máquina

Ou poeira,

Olho no espelho

E então descubro:

Que sou humano.

Jhenniffer Muniz
Enviado por Jhenniffer Muniz em 10/05/2018
Reeditado em 28/03/2019
Código do texto: T6333027
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