Não Passou
Não passou
O samba deles é sempre o mesmo
Sabemos nós, e nos escondemos
Na nova paralisia geral
Diante da velhice desses absurdos
Não temos uma noite de sossego
É de arrepiar até os que morreram
Ao recordarem que deram suas vidas em vão
Ao verem tudo do mesmo jeito
Aquilo que mostram jornalistas e poetas
Que tetam acordar toda essa terra
Isso vem dos nossos ancestrais
Agora
A infelicidade da história
Continua em muitas memórias
Daqueles que têm olhos para ver
Os outros
Não enxergam, parece de proposito
Que estão sendo usurpados
Por emendas, medidas provisórias, leis e os cambal
São as trevas, ainda hoje o bacanal
Nós filhos
Envergonhados andamos cabisbaixos
Carregando pedras igual ao diabo
Para o bem dos ladrões
Quem sabe
Tenhamos um dia os nossos direitos respeitados
O que será dia de samba e reggae
E será chamado libertação
Talvez um grande e lindo carnaval
Aplaudir, de fato, não é o que querem os enxergantes
E em bloco põe a boca no trombone
Sem muitos ecos e verberações
E o mundo nos olha escandalizado
Tanta involução é demasiado
Que não conseguem ficar calados
Ai, que vida torta
Ai, que oba oba
Essa bandeira nossa estendida
Ai, que não quero sair
Ai, que, ainda assim, queremos ficar
É sempre o mesmo, e vai mudar?
Não passou
Baseada na poesia "tristeza" de Chico Buarque
Não me queira mal.