Nas ondas do horizonte
Dá-me a mão, aperta e não solta
Ouvi de ti, e no momento estavas a partir
Sê forte, não fuja a vida e vive sem temer
Ouvi de ti, e no momento estavas a partir.
O ermo tomou os meus olhos
E os olhos na alvorada, no ocaso, no entardecer
Tudo ficava vazio e escuro
Era uma vida sem ti que não sei viver
E sobre essa corrente de frio fui forçado a viver
Pensei na vida depois de ti
Era tudo sem ti a acontecer.
Vem entre os tecidos do tempo
Rasgando-os,
Apressa-se porque o anseio é tenebroso
Vem ver o quanto teme o meu coração
Cercado de espinhos no meio do deserto
Apavorado e sofrendo de consternação.
O deserto é o episcopal da solidão
E os espinhos são memórias nostálgicas
As lágrimas condenam a sua ausência
O Além-da-vida não atende as súplicas
Não há reencontro consciente após a morte
E perdi o rasto do beijo que nunca demos nas ondas do horizonte!