Tristeza correnteza
Essa tristeza correnteza,
que não se pode represar ou apressar,
essas lágrimas torrentes,
salgando todo o caminho,
esse coração pesado chumbo,
batendo lentamente sua dor,
são só reflexos de um adeus sofrido...
Culpa, arrependimento, redenção,
de quê importam mais?
somos apenas cascas de uma alma torturada,
indivíduos perdidos na coletividade,
sonhos esvaídos em palavras de vento,
tentando gritar para um barulho surdo,
tudo o que nos vai nas profundezas da existência...
Essa caminhada sobre vidros quebrados,
com pés descalços à sangrar na estrada da vida,
duras lições de um tempo prematuro,
dedilhando melodias desafinadas no violão do espírito,
uivando para luas encobertas pela escuridão de si,
quando toda a luz parece ter desaparecido em brumas,
e tudo que sobrou foram resquícios de um dia...
Temo dizer-lhe que vá quando não me pertences,
temo dizer que fiques quando não me cabes,
temo nada dizer quando o silêncio aprisiona,
nas ondas de um mar revolto como meu interior,
temporada de feridas abertas fustigadas,
enquanto o olhar vaga solitário querendo sentido,
mas a bússola condutora só aponta para o sul...