ANESTESIA GERAL
sinto essa gente anestesiada
complacente submissa desmotivada
cada um fechado na sua concha
no seu sarcófago dentro da jaula
alienados por notícias desvairadas
de morte corrupção e incerteza
apáticos resignados e adormecidos
seguem conformados o enterro
sorriem apenas e contam piadas
como se o presente não fosse nada
somente mais uma notícia de guerra
matar morrer e sofrer não os sacode
dá-lhes apenas essa vontade de pisar
nas cabeças que jazem por terra
a sociedade é um riacho podre
onde os corpos incham e estouram
em tiros de fuzil como foguetes
rolos compressores anestesiam a dor
numa rotina de sangue e aceitação
o que será do sono do desamor
quando passar o efeito da droga
talvez estejamos todos mortos
em campos minados de corpos