ANESTESIA GERAL

sinto essa gente anestesiada

complacente submissa desmotivada

cada um fechado na sua concha

no seu sarcófago dentro da jaula

alienados por notícias desvairadas

de morte corrupção e incerteza

apáticos resignados e adormecidos

seguem conformados o enterro

sorriem apenas e contam piadas

como se o presente não fosse nada

somente mais uma notícia de guerra

matar morrer e sofrer não os sacode

dá-lhes apenas essa vontade de pisar

nas cabeças que jazem por terra

a sociedade é um riacho podre

onde os corpos incham e estouram

em tiros de fuzil como foguetes

rolos compressores anestesiam a dor

numa rotina de sangue e aceitação

o que será do sono do desamor

quando passar o efeito da droga

talvez estejamos todos mortos

em campos minados de corpos

Mongiardim Saraiva
Enviado por Mongiardim Saraiva em 13/04/2018
Reeditado em 13/04/2018
Código do texto: T6307523
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