NÃO. NÃO VOU TE ALIMENTAR

Não vou te alimentar com meu sangue ainda férvido nas veias.

Não te darei meu pescoço, nem minha cabeça numa bandeja de prata.

Não me atirarei numa cama e apagarei a luz do quarto

Não deixarei de ver a luz do sol e de com ele brilhar

Não jogarei na tua lixeira os cacos do meu coração partido

Não ouvirás de mim lamentos, ofensas ou calúnias

Não presenciarás minha tristeza nem minha falta de ânimo

Não terás nenhum prazer que parta do meu sofrimento

Não te alimentarei com minha efêmera fraqueza

Não verás nos meus olhos a dor que ora me consome

Não terás de mim a alma apagada de que necessitas para viver

Não terás de mim o brilho que escondo nestes momentos de tristeza

Não tomarás para ti a coragem que inibe minhas ações

Não terás de mim meu último suspiro nem a última batida de meu coração

Verás em mim uma fortaleza inabalável

Te darei somente alegria e muitos sorrisos

Observarás a beleza de minha alma e o esplendor do meu peito levantado

Levarás de mim somente amor e carinho que é parte de mim

Ouvirá de minha boca somente sons que traduzem a leveza de minha alma

Contemplará em mim a sutileza de meus gestos de satisfação

Farei questão de que saibas que acredito no poder da regeneração

E se isso não for o suficiente para ti, pobre vampiro!

Não vou mais te alimentar.

Paulo Roberto Fernandes
Enviado por Paulo Roberto Fernandes em 08/04/2018
Reeditado em 30/07/2018
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