NÃO. NÃO VOU TE ALIMENTAR
Não vou te alimentar com meu sangue ainda férvido nas veias.
Não te darei meu pescoço, nem minha cabeça numa bandeja de prata.
Não me atirarei numa cama e apagarei a luz do quarto
Não deixarei de ver a luz do sol e de com ele brilhar
Não jogarei na tua lixeira os cacos do meu coração partido
Não ouvirás de mim lamentos, ofensas ou calúnias
Não presenciarás minha tristeza nem minha falta de ânimo
Não terás nenhum prazer que parta do meu sofrimento
Não te alimentarei com minha efêmera fraqueza
Não verás nos meus olhos a dor que ora me consome
Não terás de mim a alma apagada de que necessitas para viver
Não terás de mim o brilho que escondo nestes momentos de tristeza
Não tomarás para ti a coragem que inibe minhas ações
Não terás de mim meu último suspiro nem a última batida de meu coração
Verás em mim uma fortaleza inabalável
Te darei somente alegria e muitos sorrisos
Observarás a beleza de minha alma e o esplendor do meu peito levantado
Levarás de mim somente amor e carinho que é parte de mim
Ouvirá de minha boca somente sons que traduzem a leveza de minha alma
Contemplará em mim a sutileza de meus gestos de satisfação
Farei questão de que saibas que acredito no poder da regeneração
E se isso não for o suficiente para ti, pobre vampiro!
Não vou mais te alimentar.