DESENREDO

Aprender
Com os pássaros
Sair de casa
Do meu deserto
Tártaro
Criar asas
Ousar
Ascender
Rumo incerto
Pousar
Nas novidades
Cantar
De felicidade
Fazer
Solenidade
Para o dia
Reluzente travessia.
Pobre de mim
Não aprendo nada
Fico acuada
No meu canto
De estranhezas
E se canto
É de tristeza
Vontade
Até que possuo
Às vezes me estuo
Mas o medo
Me domina
Não sou mais aquela
Menina
Com utopias
De Cinderela
Mal chego à janela
Sou refém
Da mesmice
Da limitada velhice
Vivi para alguém
Que não mereceu
Pago o preço
Vida ao avesso
Não sou eu
Sou desenredo.
- - - -

HLuna
FINALIZANDO

Acordo cedo.
Meio a medo
eu me pergunto,
qual será o meu assunto
no correr do novo dia?
Só u'a enorme nostalgia,
eu sinto acaricia
este meu corpo cansado,
um tanto quanto acuado,
pelas lembranças tardias.
Na verdade é a saudade,
que me atravessa, sem pressa,
não sei onde é que começa,
não percebo onde termina.
Foi-se o tempo de menina.
Restou somente a velhice,
e aquela insana mesmice
do tédio que aborrece. 

Afinal... ninguém merece.