ÓTIMA
Eu estou ótima
O corpo prostrado na cama, fuma uma erva e
engole devagar uma cerveja barata.
A alma, apenas sentada na beira do abismo.
Reflete profundamente se deve pular ou esperar que ele termine de desabar.
Roi-se aos poucos, rangem-se os dentes
Agonia o peito.
Se é coragem eu não sei
Eu sou vestido vermelho no meio da noite
Wisk sem gelo e mesa de bilhar
Eu nem sei jogar
Mas acabei apostando alto, em jogo de bárbaros
É perder ou ganhar
Mas a vida nem sempre é agora
E as vezes sabedoria também é
Conseguir esperar
O tempo é moeda de troca,
não quer saber das suas fichas nem de historia pra contar
É traiçoeiro...Esperto e ligeiro
Por isso convém também observar.
E eu me vejo sem cartas nas mangas
Foi-se o ouro, a parceira e a janta
Deixei tudo na mesa do jogo, e agora so posso aguardar.
Decidi caminhar pela beira e agora tenho a certeza
De que não há de perdurar.
Cedo ou tarde, isso vai desabar...escorrer pelos meus dedos
Mesmos dedos que agarram-se a um fio de esperança
Faço uma prece rogo a má sorte que abençoe o Destino
Que se eu pular vão me abrir as asas
Que vao perdoar esse meu desatino
E o meu erro não tenha sido assim tão fatal
Que se ele errar a última descem duas,
Eu recupere o amor que apostei
E leve em dobro no final.