MACABÉA
Sobrevive entre crenças, superstições e tabus,
A religião não lhe salva,
No céu não vê estrelas,
Pela tia é castigada,
E privada de prazeres frívolos.
Na infância vive a miséria da órfã:
Sem amor; sem carinho; sem amigos;
Sem animal que a estime;
Sem banho e sem perfume, apenas fede.
Alimenta-se do papel que não lê,
Mas lhe mata a fome.
Magra e pálida,
Tuberculosa vive.
Na existência vazia e solitária
Se vê como a estrela cobiçada
Mas é a invisível retirante
E a mão-de-obra barata.
Na fuga, pensa ser livre e dança,
No amor, pensa ser amada e ama,
Na vidente pensa ter um futuro que lhe alça,
Mas na ingenuidade
Acredita na mentira que a dispersa,
Atropela
E mata.