MACABÉA

Sobrevive entre crenças, superstições e tabus,

A religião não lhe salva,

No céu não vê estrelas,

Pela tia é castigada,

E privada de prazeres frívolos.

Na infância vive a miséria da órfã:

Sem amor; sem carinho; sem amigos;

Sem animal que a estime;

Sem banho e sem perfume, apenas fede.

Alimenta-se do papel que não lê,

Mas lhe mata a fome.

Magra e pálida,

Tuberculosa vive.

Na existência vazia e solitária

Se vê como a estrela cobiçada

Mas é a invisível retirante

E a mão-de-obra barata.

Na fuga, pensa ser livre e dança,

No amor, pensa ser amada e ama,

Na vidente pensa ter um futuro que lhe alça,

Mas na ingenuidade

Acredita na mentira que a dispersa,

Atropela

E mata.

Rosa Sousa
Enviado por Rosa Sousa em 04/04/2018
Código do texto: T6299930
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