Quem sou eu?
Essa poesia eu fiz pensando em muitas meninas (e meninos também), que são filhos de brancos com indígenas (a essa miscigenação damos o nome de "mameluco"). Os jovens indígenas têm uma rejeição para com esses moradores de suas aldeias. Os brancos terminam por não quererem um relacionamento sério com esses jovens mamelucos. Sendo um desses "entre-lugares", o(a) jovem fica desorientado com tanta segregação sem saber o que fazer de sua vida.
Não sou índia, não sou branca,
Me chamam de mameluca,
Um avá¹ diz: não te quero,
Um branco diz: “És maluca!”
Não tenho a cor do bronze,
Não tenho a cor da lua,
Não tenho alguém que me queira,
Um que me chame de sua.
Cerraram a minha madre,
Não terei um mitaí;
Sei que também não terei
Um de sangue moroti.
Minha mãe acreditou,
Então nasci da esperança.
Do branco ela esperou,
Restou-me desconfiança.
Estou neste entre-lugar,
Sem descobrir quem eu sou.
Se alguém me desvendar,
Revele: pra onde vou?
¹ É o termo próprio para “índio” na língua guarani.
² Menino (no idioma guarani).
³ Branco (no idioma guarani).