APENAS UMA BONECA DE PORCELANA
Na estante decorada, consigo ela chora
E verte dos olhos vítreos lágrimas de solidão
Que denuncia intimo desejo, que a face cora
Surgido no claustro da mais rude prisão.
E não entende porque fora feita assim
Vendo a alegria apenas em faces alheias
E tendo por companheira uma dor sem fim
E um destino eterno, como eternas areias
Seria pecado sentir, num singular instante
Quem sabe um toque, um roçar de dedos
E se entregar a um abraço aconchegante
Preenchido do calor de apaixonados beijos
Mas, o coração está povoado apenas de ilusão
Que desperta um desejo que não se pode ter
Pois permanecerá muda e singela decoração
E nada, além de boneca de porcelana, há de ser.