FRAGILIDADE

 


Tudo na vida
Se despedaça:
A truculência,
A compostura,
A inocência,
A indecência,
Ou a lisura.

Palavras fortes
Caem ao chão,
Sonhos, segredos
São esmagados
Sem piedade
Por entre os dedos.
Pisoteados
Os ideais,
E as ideias
Passam por nós,
Se despedaçam,
São esquecidas
Naquele canto
Branco da vida.

A valentia,
A violência,
Balas perdidas,
Corpos e alvos,
Que caem tortos,
Que caem mortos,
Bocas caladas,
Olhos fechados,
Tudo se perde,
Fragilidade.

De nada servem
As pretensões
De eternidade,
Fama, fortuna,
Pois, sobre a mesa,
Jaz a pobreza
Da nossa força,
Jaz a dureza
Despedaçada
Sem sutileza
Pela maldade,
E a bondade
Também tem prazo
De validade.

Tudo na vida
Se despedaça,
Mas nós seguimos
Pensando sermos
Fortes, valentes,
E invencíveis,
E ao proclamarmos
A vaidade
Da eternidade,
Só destacamos,
Nossa passagem
Que se desmancha;
Fragilidade.


Dedicado à Moça Morta.



 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 15/03/2018
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