Insónia

Não durmo há uma vida

Meu sono está cansado

De rodear na noite vã

Por sonhos acordados

Deito-me erguido como cruz

Meu corpo esvazia a cama

Dobro os braços atrás das costas

Estendo os pés na parede

Para organizar ideias

Em pensamentos me desvio

Perco-me sem andar

E no deserto desse rio

Onde a fala é aleatória

Afogo minhas mágoas

Desabafo com o silêncio

Sou ignorado e sinto náuseas

O barulho da vizinhança

Fala pequeno nos meus ouvidos

É a calma que acho em mim

Que me inquieta e assusta

Guardo tanta lama no peito

Coisas que ninguém ouve

Tento falar com a caneta

É a mão que dorme.

Widralino
Enviado por Widralino em 26/02/2018
Código do texto: T6264935
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