O choro
Ainda que eu cale,
sempre escapa
por cima, por baixo
pelo furo da lata.
Choro e mais nada
nem lagarta pintada
menos ainda alma penada.
Só o choro e mais nada
de tanta inconformidade
com quase tudo, menos
com a amizade.
Só o choro que sai,
que escorre e que arde
e nem um pouco de piedade.
Família até vira
doída ferida
de tanta batida.
E o choro que prevalece
não termina, não acaba
e nem mesmo adoece.
Pior que cheque sem fundo
e nem assim acaba
esse mundo.
Ainda há sofrimento
para chorar
e muita lágrima para rolar.
Só termina toda
essa vida
quando o seu tempo valioso
acaba mesmo
e ninguém vai fazer nada.
Eagora sem lágrima.