Vejo-me

Ontem me disseram

Que o brilho

Dos meus olhos

Se esvaiu

Eu tentei encontrar

Palavras em meio

Ao choque

Que gelou minha alma

Engoli letra após letra

O gosto amargo

Da verdade

Vista pelo brilho de outra retina

É difícil explicar

A nitidez dessas ideias

Quando o brilho encontra-se

Por detrás da minha íris opaca

A rotina que assola o corpo,

O embaraço da mente

Frente às mazelas do dia,

Ferem o sorriso, apagam a nitidez

O coração ferido e recém apaixonado

Agora se comprime

Em meio a tantas mágoas

E um ciúme tolo, visível

Enxergar além do que se vê

É capacidade de quem

Aprendeu a sorrir

Com os olhos

Manter os olhos abertos

Em meio a tantas fragilidades

Do ser humano em frangalhos

É tão difícil quanto enxergar-se por dentro

Ontem me disseram

Que o brilho

Dos meus olhos

Se esvaiu

Talvez seja resquício

De um passado

Não tão distante

Que vi passar por mim

Aquele passado de ontem

Parado na esquina

Das memórias em luto

Visitadas por muitos à olhos nus

Sim! A dor parece-me algo familiar

E talvez por isso

Eu não enxergue essas

E outras verdades

Pois meus olhos

Fecharam-se para o mundo

Mesmo sendo obrigado

A abrí-lo de segunda à segunda.

Dario Vasconcelos
Enviado por Dario Vasconcelos em 15/02/2018
Código do texto: T6254871
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