O ATOR
Era eu que fingia e atordoava meu interior
Recitava plenamente meus pesares
Sem saber que na verdade eu era um ator
Ensaiando meus atos em todos os lugares
No infinito anseio de ser reconhecido
Afoguei-me nos sonhos inalcançáveis...
Com o corpo contorcido e dolorido
Fazia autênticas imitações amáveis
Era pago com aplausos ensaiados...
Nos bastidores eu deitava-me na cama
Ali, meus medos eram desmascarados
E meu corpo consumido pela chama
Mas um dia recebi uma crítica real
Não de hipócritas, mas de meu único fã
Eu era um ator que interpretava mal
E buscava refúgio em cobertores de lã.
E perante meu reflexo no televisor
Eu percebi o que ele queria me dizer
Sendo Eu meu único expectador
Entendi errado o sentido de “ser”
Achei que havia revolucionado o tempo
Com meus atos até então, geniais
Ingênuo, apenas buscava acalento
Em roteiros com péssimos finais...
(Guilherme Henrique)