O ATOR

Era eu que fingia e atordoava meu interior

Recitava plenamente meus pesares

Sem saber que na verdade eu era um ator

Ensaiando meus atos em todos os lugares

No infinito anseio de ser reconhecido

Afoguei-me nos sonhos inalcançáveis...

Com o corpo contorcido e dolorido

Fazia autênticas imitações amáveis

Era pago com aplausos ensaiados...

Nos bastidores eu deitava-me na cama

Ali, meus medos eram desmascarados

E meu corpo consumido pela chama

Mas um dia recebi uma crítica real

Não de hipócritas, mas de meu único fã

Eu era um ator que interpretava mal

E buscava refúgio em cobertores de lã.

E perante meu reflexo no televisor

Eu percebi o que ele queria me dizer

Sendo Eu meu único expectador

Entendi errado o sentido de “ser”

Achei que havia revolucionado o tempo

Com meus atos até então, geniais

Ingênuo, apenas buscava acalento

Em roteiros com péssimos finais...

(Guilherme Henrique)

PássaroAzul
Enviado por PássaroAzul em 26/01/2018
Código do texto: T6236569
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