Represa
Já há muito que desejo chorar
Entretanto não consigo.
Como rio frente a barragem, forço
Mas estou represado.
E dessa represa que sou gero força, energia.
A cada pulsar do coração, gero em vão raiva e ódio
Destinados a ninguém, direcionados a nada
Energia armazenada, estocada
Aguardando a fagulha que a fará explodir num colo inocente.
Não há um motivo para essa barreira me impedir
Não ha porquê dela não me deixar escoar essa dor
Mas, aquilo que é, acaba o sendo sem porquês
Espero que um dia esse grande lago de dor
Trasponha a barreira e revele o que sempre foi
Um córrego árido
Incapaz de inundar os campos de alegria que existem além dessa minha prisão.