Aqui jaz
Às vezes caem-me sorrisos das mãos
quando sei que não vens ver-me
Não sei bem se é o fogo do nascer do sol
a queimar-me as pálpebras
ou se são as lágrimas a teimarem em cair
Sei apenas que amanheço
e ao longo do dia esqueço-me de viver
porque explodem solidões aqui tão perto…
Ouço-lhes os gritos funestos
e nada posso fazer…apenas escuto.
Já perdi o norte da voz amiga
por entre as músicas que tocas sem parar
e que escuto através da janela aberta
Já não sei que perfume têm as tuas mãos
ou se sabem a beijos ou à última bala
cravada no meu coração
Já não procuras a fogueira acesa do meu sorriso
e não atiças aquela gargalhada na minha escuridão
de barro (quebrado)
Desconheço as rimas dos teus passos
na calçada do dia-a-dia
e ignoro os nomes das ruas por onde passas…
Entendo todas as letras que a distância deposita
paulatinamente nos degraus da minha moradia
mas não percebo de que é feito o vaso
perfeito do amor…
Creio mesmo que plantaste uma rosa de plástico
junto ao pontal da tua praia para homenagear
a melancolia
É de pedra escura a epígrafe que escreveste
na sepultura do terror:
Aqui jaz um grande amor