Aqui jaz

Às vezes caem-me sorrisos das mãos

quando sei que não vens ver-me

Não sei bem se é o fogo do nascer do sol

a queimar-me as pálpebras

ou se são as lágrimas a teimarem em cair

Sei apenas que amanheço

e ao longo do dia esqueço-me de viver

porque explodem solidões aqui tão perto…

Ouço-lhes os gritos funestos

e nada posso fazer…apenas escuto.

Já perdi o norte da voz amiga

por entre as músicas que tocas sem parar

e que escuto através da janela aberta

Já não sei que perfume têm as tuas mãos

ou se sabem a beijos ou à última bala

cravada no meu coração

Já não procuras a fogueira acesa do meu sorriso

e não atiças aquela gargalhada na minha escuridão

de barro (quebrado)

Desconheço as rimas dos teus passos

na calçada do dia-a-dia

e ignoro os nomes das ruas por onde passas…

Entendo todas as letras que a distância deposita

paulatinamente nos degraus da minha moradia

mas não percebo de que é feito o vaso

perfeito do amor…

Creio mesmo que plantaste uma rosa de plástico

junto ao pontal da tua praia para homenagear

a melancolia

É de pedra escura a epígrafe que escreveste

na sepultura do terror:

Aqui jaz um grande amor

Iacoe Michaela
Enviado por Iacoe Michaela em 20/01/2018
Reeditado em 11/02/2018
Código do texto: T6231494
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