Pó
Dentre os grãos de areia.
Tenho o mesmo peso.
Pareço ter o mesmo formato,
Mas sou denso. Sou chumbo.
Anseio a superfície, mas afundo.
O vento move os outros, mas estou estático.
Desejo ser pó no ar seco.
Mas sou singularidade.
Como eu poucos existem.
Somos únicos em nossas semelhanças.
Perfeitos em nossas imperfeições.
Especialistas em desobedecer à máxima.
Quisera eu ser areia
Ser leve como ar
Subir como poeira
E toda essa densidade abandonar.