Contas
 
Eram contas de um colar pesado,
Sem brilho, um tanto funesto
Que alguém usava em volta do pescoço
Como uma forma de protesto.
Elas traziam o peso dos anos
Insanos marcos de um viver profano;
Com nó de forca denso e sufocante,
Feria a própria pele qual um tirano.
 
 
Pagava as contas que já havia pago,
Cobrando outras já prescrevidas,
E um peso insano arrastava, assim,
Ao longo de toda a sua pobre vida.
 
As contas negras e acinzentadas
Ao fogo da injúria moldadas,
Não conferiam nenhuma beleza
A quem, com orgulho, as portava.
 
Enfeite tosco, de puro mau gosto,
Um arremedo de joia valiosa,
Imitação barata e sem valor
Arte jocosa, ao fogo destinada.



 
 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 15/01/2018
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