Improvisando
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Improvisando
Nessa curta vida o que fiz foi sempre amar.
Talvez por isso sofrer seja a minha sina.
Quanto mais eu amo, mais a dor me azucrina:
Foi desde pequeno que comecei a ter azar.
Amando certo, a pessoa errada, cansei de apanhar.
De correr atrás de mulheres e de meninas.
Já perdi a conta de quantas deixei pelas esquinas.
Não por desprezo, desamor ou inconstância...
Deixei, foi por perder toda a esperança,
Em razão do falso amor que a traição ensina.
Cansei de rastejar e de sentir injustiçadas dores.
Desejei demais amar quem não me quis.
E se a vida é breve, se estamos por um triz,
Por que, meu Deus, fiquei com tantos dissabores?
Por que viver em prantos, com tantos horrores?
Eu já fiz demais! Amei, amei... Ah, Deus eu fiz!
Fiz declarações de amores na praça da matriz!
De que adiantou, de que vale amar sozinho?
Abandonaram o voo e fiquei aqui, pelo caminho,
Despetalando flores, ao morrer de amores.
Quanto mais eu faço, e faço gratuitamente,
Mais forte sinto a pancada que a decepção traz.
Sei que devo amar e que o amor nunca é demais.
Que ao final da vida consertarei a minha mente,
Entendendo que minha’lma foi carente.
Não quero ser amado apenas no túmulo fugaz,
Quando no sepulcro estiver o dizer: Aqui jaz...
Preciso amar e ser amado, urgentemente, agora.
Quero dizer pra todo mundo ao viajar pelo mundo afora,
Que encontrei a mulher que me amará eternamente!
Deus, por que não posso estar e ser feliz?
Que dor é essa que me tira toda a esperança e força?
Já fiz o nó, mas não quero ter na forca
O final da minha vida que está tão infeliz.
Estou no limiar, entre a vida e a morte, por um triz.
Não tenho quem me ampare, ninguém que torça;
Nem quem enxugue minhas lágrimas dessa terrível dor.
Estou desesperado, enquanto a madrugada avança.
Perdi o gosto pela vida, estou sem nenhuma esperança
De reconstruir os destroços deixados por quem não me quis.
Nijair Araújo Pinto
Iguatu-CE, 13 de janeiro de 2018.
01h49min
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