Caixa Registradora ou Pedaços de Mim



Você

Que me rebaixou

Que me jogou na lata do lixo

Que me fez render-me em seu capricho

Que derramou sobre mim seu veneno insano

Que me embebedou com seu ódio de caráter mundano



Você

Que me enganou

Que me usou e me fez um rabisco

Que nunca me deu rosas e acabou-me com isso

Que me fez deixar de ser o que fui num passado promisso

Que desatou sobre mim seu lamento muquirano e não soube fazer nada além disso



Você

Que me logrou

Que me desistimulou e deixou-me elíptico

Que me veio com prosa e me fez acreditar que eu era paralítico

Que me sujou com sua lama podre e me fez pensar que a cama é lugar para ficar catalíptico

Você me encerrou e merece ser paga, ser paga por isso



Eu

Que me ocultei

Que me deixei enganar e me fiz rebaixar

Eu que nem sei, que nem sequer me amei por tanto tempo te amar

Que me joguei nos braços do pranto e ainda assim minhas rosas quis te dar

Eu agora deixo de tentar me indagar



Quero que recolha seu passado de mim

Quero que me recorte dos seus planos

E abra esta porta sem danos para darmos início ao fim

Que nunca mais me olhes do jeito que me olhas aqui

E, ao partir, que não te recordes de nada que vivemos enfim



Tudo o que foste e o que não foste, tudo isso serás para mim

O tanto que amei e deixei de amar, tudo isso me trará algum jasmin

E eu, que não seu, viverei leve e solto assim

Provando que a verdade de quem realmente se gosta

É querer amar-se primeiro e aos outros por fim.

Oscar Calixto
Enviado por Oscar Calixto em 24/08/2007
Reeditado em 24/08/2007
Código do texto: T621567
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