Roteiro indefinido
O que vês quando olha ao redor?
Sentes essa angústia, essa solidão?
Sentes essa tristeza que faz lacrimejar os dias?
Roteiros indefinidos no diário de nossas vidas,
embriaguez sem álcool, entorpecimento da alma,
andamos sem destino, esbarrando na multidão,
há tanto por que lutar, há tanto por que clamar,
mas tudo parece tão sem sentido,
lágrimas que correm pelas janelas,
carros num engarrafamento de sentidos,
de que precisamos afinal?
De quem necessitamos para viver?
Palavras são tão pequenas,
a grandiosidade do mundo me escapa as mãos,
tudo o que eu posso ser é simplesmente imperfeito,
não sei mais com que passos andarei,
quando tudo implodir em mim,
se pudesse sorrir sem me assustar,
veria qual reflexo no espelho?
Seria quem nesse faz de contas?
Correria para quais braços?
Gostaria do sorriso de quem?
Em qual porta bateria?
Como seria feliz?
Nada que eu escreva mudará o passado,
meus pulsos continuam amarrados,
meu presente agoniza na dor de ontem,
meu futuro mora na distância de um oceano,
meus pensamentos fogem pela porta da gaiola,
sou um pássaro sem asas,
um arauto sem voz,
um profeta sem causa,
de uma vida de vazios,
precisando de uma graça,
de um milagre do pós-natal,
para me reler no alvorada do novo ano...