Abandono-me nas palavras

A escrita é a minha última fuga de silêncio

Já não tenho as horas a roer-me a solidão

Nem o tempo a velar por mim

A mesa está posta e tu não vieste

Ninguém apareceu nem os pássaros mortos

Que habitam dentro de mim

As flores continuam alegres, algumas rasgaram-se,

Permanecem quietas junto dos remendos

Onde colo a minha sombra

Abandono-me nas palavras

E cravo nas veias a juventude dos livros

A passearem-se diante da cegueira

Diurna dos meus olhos

Iacoe Michaela
Enviado por Iacoe Michaela em 23/12/2017
Reeditado em 03/01/2018
Código do texto: T6206721
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