Flores mortas exalam estrume

Passo pela vida juntando flores para ti

Cultivo um jardim que insiste em não florir

tudo nasce morto

tento as de plástico para enfeitar a vida

Artificial como tudo que sou ou fui

Acordo aos gritos olhando pela janela aflito

Homem quebrado queimado

esterco e estrume

esse é seu melhor perfume

Flores mortas

plásticos em volta

tudo é revolta

revés

Quase sinto o gosto de algo real

mas não provo sentimentos

apenas pensamentos cultivados em terra estéril

estado febril

Se eu pudesse ser quem você quer

o tempo todo ou apenas uma vez

seriamos amor

flores ou florestas talvez

Mas é tudo plástico agora

panos para polir a podridão

alojada em meu coração

quero a morte a beijar me ainda no colchão

nesse solo cultivado nada existe

Só brota mesmo o que é triste

Um florista a distribuir em pétalas

suas dores ao vento

que lento leva para o alto e para

e todas caem de volta em cima dele

nada aprendeu

com quanto já sofreu

deixe o amor para quem sabe amar

e volte a suas flores mortas cultivar!

Lauro Camilo
Enviado por Lauro Camilo em 17/12/2017
Reeditado em 19/12/2017
Código do texto: T6200955
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.