Flores mortas exalam estrume
Passo pela vida juntando flores para ti
Cultivo um jardim que insiste em não florir
tudo nasce morto
tento as de plástico para enfeitar a vida
Artificial como tudo que sou ou fui
Acordo aos gritos olhando pela janela aflito
Homem quebrado queimado
esterco e estrume
esse é seu melhor perfume
Flores mortas
plásticos em volta
tudo é revolta
revés
Quase sinto o gosto de algo real
mas não provo sentimentos
apenas pensamentos cultivados em terra estéril
estado febril
Se eu pudesse ser quem você quer
o tempo todo ou apenas uma vez
seriamos amor
flores ou florestas talvez
Mas é tudo plástico agora
panos para polir a podridão
alojada em meu coração
quero a morte a beijar me ainda no colchão
nesse solo cultivado nada existe
Só brota mesmo o que é triste
Um florista a distribuir em pétalas
suas dores ao vento
que lento leva para o alto e para
e todas caem de volta em cima dele
nada aprendeu
com quanto já sofreu
deixe o amor para quem sabe amar
e volte a suas flores mortas cultivar!