Algumas vezes...

Algumas vezes quando o controle se vai,

apenas enxergo um caminho sem volta,

um abismo que me seduz as vontades,

um túnel sem qualquer luz em seu final,

um trilho sem trens ou saídas aparentes,

sementes de medo, tristeza e estranheza,

quando todas as mentiras retornam,

quando o abandono arranha a alma,

quando as máscaras caem no meio do ato,

nada parece mais ter qualquer coerência,

só gritos ou silêncio num ambiente claustrofóbico,

onde está você nessa madrugada?

porque desististes de nós?

porque não diz mais nada?

Algumas vezes só me apetece fugir,

quebrar as janelas e descer pela escada de incêndio,

correr pelo gramado molhado da chuva anterior,

libertar-me da anestesia do espírito,

dos pensamentos que dificultam os sentidos,

conseguir assistir novamente um nascer do sol,

daquele dique onde planejávamos nossas vidas...

Algumas vezes quando a insanidade se instala,

apenas recupero o comando de mim mesmo,

uma memória de um tempo triste,

uma música de um amor malogrado,

uma poesia amaldiçoada pela solidão,

sementes de vazio, fracassos e perdas,

quando toda a sensibilidade machuca,

quando a verdade te estapeia a face,

quando sentes o naufrágio de si mesmo,

não há mais forças para sair da miséria,

só alucinações ou realidades na tragédia da vida,

onde está você nesse sábado?

porque fechastes tua porta?

porque não destes nem um adeus?

Algumas vezes só me apetece fugir,

quebrar as janelas e descer pela escada de incêndio,

correr pelo gramado molhado da chuva anterior,

libertar-me da anestesia do espírito,

dos pensamentos que dificultam os sentidos,

conseguir assistir novamente um nascer do sol,

daquele dique onde planejávamos nossas vidas...