Realidade...
Quando olho para trás...
Vejo a escuridão do passado
Querendo me abraçar...
Como um amante apaixonado
Buscando rever seu lugar...
Querendo repousar em meu seio e sonhar!
Sinto um vazio, um vácuo no peito...
E dilacerada me pego a chorar...
Vislumbro meu rastro impregnado
De um musgo pegajoso, esverdeado
Que escorre de mim, se espalhando pela trilha
Que estou agora...
Quebrou-se o encanto...
A sereia voltou ao mar
E canta para os raios da lua..
Que observa ao longe
Meu avanço nas turvas águas
Tristes “mara” de mim
Eu que busquei o precipício reluzente
Chamado ilusão...
Cobri minha nudez
Com uma chita rota
Folha de parreira transparente
Transparência que me fez ver o sol...
Louca, esqueci-me que só de olhar
O astro rei nos cega a vista
Apaixonei-me pelo vento
E só agora me dei conta...
Face sem proteção
Deixei minha pele exposta
Meu corpo entregue...
Minha sanidade foi morta...
Só me resta agora
Esconder-me nas lembranças,
Me parece o lugar mais seguro
Pois lembro dos meus lampejos de liberdade
De felicidade...
Insondáveis minhas lembranças
Quando percebo o frágil que me apego enfim
A gênese de minha tristeza opera
E surge um mundo destroçado
Natimorto, fétido e purulento
E sucumbo a realidade...
Minha companhia é a solidão
Sempre foi...
Se escolhi, não sei dizer
Sinto não ter tido opção...
A minha única certeza é:
Estou jogando fora os cacos do meu coração
Para não correr o risco
De um dia,
Imaginá-lo mais uma vez refeito
Pois a descoberta do não feito...
Dói... uma dor além da alma!